terça-feira, 6 de novembro de 2012
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Sancionada lei do Ensino Religioso nas escolas municipais do Rio de Janeiro
Um ensino confessional e plural. A partir do próximo ano letivo, as escolas com turno único da rede Municipal do Rio de Janeiro vão começar a oferecer aulas religiosas. O prefeito Eduardo Paes sancionou a lei do Ensino Religioso, na última quarta feira, 19, no Palácio da Cidade. O projeto prevê também a criação do cargo funcional de Professor de Ensino Religioso.
A cerimônia contou com a presença da Subsecretária de Ensino, Helena Bomeny, do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, além de outros representantes religiosos, em um clima de confraternização.
Eduardo Paes defendeu a importância da cultura religiosa como conceito básico a ser aprendido na escola. Para ele, os valores de fraternidade e amor ao próximo, presentes nas religiões, são muito importantes para a formação do indivíduo:
“Essa sanção tem função e objeto específicos. Todas as religiões têm em comum o conceito de proteção às famílias e aos valores. Nenhuma religião prega a violência e a luta dos povos. Não estamos impondo a nenhuma criança e a nenhum jovem que tenha fé, que siga credo nenhum. Ao contrário, a gente quer que aquele que tenha seu credo, sua crença, que ele possa aprender os valores e os conceitos mais básicos”, disse o prefeito.
O ensino Religioso terá matricula facultativa e estará disponível na grade escolar do 1° ao 9° ano do Ensino Fundamental. A disciplina também poderá ser substituída pelo Ensino de Valores. Para que a lei fosse implementada foi realizada uma pesquisa amostral, onde cerca de seis mil pais foram consultados para identificar o perfil religioso dos alunos das escolas municipais. A subsecretária de Educação, Helena Bomeny, explicou que até fevereiro já haverá um panorama da demanda de cada credo.
“Na pesquisa do início do ano percebemos que 42% dos entrevistados seguiam a religião católica, 32% optaram pelo ensino de valores, 23% eram de religiões evangélicas e o restante dos demais credos. Agora, em novembro, faremos uma pesquisa em todo o universo da rede e em fevereiro já teremos todos os dados para saber a demanda específica para cada religião, esclareceu.
Um dos defensores do projeto de Lei, o vereador Reimont Luiz Otoni acredita que o Estado é laico, não ateu. Para ele, o ensino religioso vem agregar os pensamentos das diversas religiões no ambiente escolar, o que contribui para o diálogo e para o progresso na educação dos alunos.
“Vivemos um tempo onde os valores estão muito distantes, há uma desvalorização do que é simbólico na vida. E o ensino religioso vem fazer essa integração. Eu entendo que o ensino religioso é um elemento de costura, que vai traçar a dimensão religiosa no cotidiano da escola”, afirmou.
Dom Orani Tempesta parabenizou as autoridades empenhadas na aprovação da lei e defendeu que através do ensino religioso é possível formar valores do transcendente e do respeito às outras religiões. “Vejo o ensino religioso com muita esperança e alegria. Respeita-se, assim, a opinião e a nação brasileira na sua diversidade. Esse é o modelo de cidade que sonhamos. A escola não deve servir apenas para informação, mas também para formação”, opinou o arcebispo.
Sanção agrada líderes religiosos
Além da religião católica, os colégios da Rede Municipal também vão oferecer aulas sobre as doutrinas evangélica/protestante, afro-brasileira, espírita, orientais, judaica e islâmica. O presidente da Federação Muçulmana do Rio de Janeiro, Sheik Ahamad, também apoiou a criação do ensino religioso, o que para ele é fundamental para quebrar paradigmas relacionados às religiões.
“Desde o inicio, a Federação Muçulmana apoiou esse processo. Acho que acima da tolerância religiosa deve haver um respeito religioso. E trazer esses ideais de respeito, de pluralidade, para o ambiente escolar é sempre muito importante”, partilhou.
“Desde o inicio, a Federação Muçulmana apoiou esse processo. Acho que acima da tolerância religiosa deve haver um respeito religioso. E trazer esses ideais de respeito, de pluralidade, para o ambiente escolar é sempre muito importante”, partilhou.
O reverendo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Daniel Rangel, acredita que a lei do Ensino Religioso é o primeiro passo para a Igreja trabalhar junto da sociedade no incentivo à cultura e educação:
Durante muito tempo reivindicamos o ensino religioso nas escolas. Essa conquista vai transformar a educação brasileira em uma religião plural, não só no sentido do conhecimento, como no sentido religioso, e vai permitir que Igreja e sociedade trabalhem juntas”, opinou.
O vice-presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro acredita na importância das religiões se expressarem. “Essa lei representa o respeito religioso. Em um estado onde existe democracia é essencial que todas as religiões tenham voz”, afirmou.
A Secretaria Municipal de Educação fará um concurso para a contratação de professores para a disciplina de ensino religioso. Os profissionais deverão ser formados basicamente em História, Geografia, Filosofia/Sociologia e deverão apresentar documento de indicação feito pelos representantes da religião que seguem, como uma confirmação de vivência do credo, para que possam lecionar.
Lei 5.303 que autoriza o Ensino Religioso nas Escolas Municipais do Rio de Janeiro
Veja, abaixo, na íntegra a Lei 5.303, que autoriza o Ensino Religioso nas Escolas públicas municipais do Rio de Janeiro.
Senhor Presidente,
Dirijo-me a Vossa Excelência para comunicar que, nesta data, sancionei o Projeto de Lei n.º 862-A, de 2011, de autoria do Poder Executivo, que “Cria no Quadro Permanente do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional de Professor de Ensino Religioso e dá outras providências”.
Aproveito o ensejo para reiterar a Vossa Excelência meus protestos de estima e distinta consideração.
EDUARDO PAES
Ao
Exmo. Sr.
Vereador JORGE FELIPPE
Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
LEI N.º 5.303 DE 19 DE OUTUBRO 2011.
Cria no Quadro Permanente do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional de Professor de Ensino Religioso e dá outras providências.
Autor: Poder Executivo
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica criada no Quadro Permanente de Pessoal do Poder Executivo do Rio de Janeiro a categoria funcional de Professor de Ensino Religioso, para atuação exclusiva no âmbito da Secretaria Municipal de Educação – SME.
Parágrafo único. A composição numérica de cargos da categoria funcional criada por esta Lei corresponde a seiscentas vagas para Professor de Ensino Religioso.
Art. 2º O ingresso no cargo de Professor de Ensino Religioso dar-se-á mediante aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, para atuação na rede Municipal de Ensino.
Parágrafo único. Constará do edital do concurso público que os professores admitidos para ministrar a disciplina de Ensino Religioso deverão ser aproveitados para outras disciplinas compatíveis com a formação, quando não houver, justificadamente, turmas específicas para esta disciplina.
Art. 3º As atribuições e especificações essenciais correspondentes à categoria funcional de Professor de Ensino Religioso encontram-se relacionadas no Anexo I desta Lei.
Art. 4º Os professores de ensino religioso deverão ser credenciados pela Autoridade Religiosa competente, que exigirá deles formação religiosa obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida.
Art. 5º A implantação do ensino religioso, de caráter plural e de matrícula facultativa, priorizará inicialmente as escolas de ensino de turno integral.
Art. 6º A categoria funcional de Professor de Ensino Religioso estruturar-se-á nos padrões de escalonamento e de vencimento-base constantes do Anexo II desta Lei.
Parágrafo único. Os valores de vencimento-base constantes do Anexo II desta Lei referem-se ao mês de março de 2011 e estarão sujeitos aos reajustes gerais aplicáveis aos servidores municipais após aquela data.
Art. 7º Fica obrigada a Secretaria Municipal de Educação-SME afixar, nas escolas municipais onde será implantado o ensino religioso, em locais de fácil e clara visualização, cartazes de tamanho mínimo no padrão A3 contendo a seguinte informação: Aos Senhores Pais ou Responsáveis, a Disciplina Ensino Religioso é de matrícula facultativa, conforme o §1º do art. 210 da Constituição Federal.
Art. 8º Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar os procedimentos que se façam necessários em complemento à matéria de que trata esta Lei.
Art. 9º As despesas decorrentes da presente Lei serão atendidas pelas dotações orçamentárias próprias do Poder Executivo, conforme previsão na Lei Orçamentária Anual, ficando o Poder Executivo autorizado a proceder aos remanejamentos orçamentários, permitidos pela legislação aplicável, que sejam necessários ao cumprimento desta Lei.
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
EDUARDO PAES
Dirijo-me a Vossa Excelência para comunicar que, nesta data, sancionei o Projeto de Lei n.º 862-A, de 2011, de autoria do Poder Executivo, que “Cria no Quadro Permanente do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional de Professor de Ensino Religioso e dá outras providências”.
Aproveito o ensejo para reiterar a Vossa Excelência meus protestos de estima e distinta consideração.
EDUARDO PAES
Ao
Exmo. Sr.
Vereador JORGE FELIPPE
Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
LEI N.º 5.303 DE 19 DE OUTUBRO 2011.
Cria no Quadro Permanente do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro a categoria funcional de Professor de Ensino Religioso e dá outras providências.
Autor: Poder Executivo
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica criada no Quadro Permanente de Pessoal do Poder Executivo do Rio de Janeiro a categoria funcional de Professor de Ensino Religioso, para atuação exclusiva no âmbito da Secretaria Municipal de Educação – SME.
Parágrafo único. A composição numérica de cargos da categoria funcional criada por esta Lei corresponde a seiscentas vagas para Professor de Ensino Religioso.
Art. 2º O ingresso no cargo de Professor de Ensino Religioso dar-se-á mediante aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, para atuação na rede Municipal de Ensino.
Parágrafo único. Constará do edital do concurso público que os professores admitidos para ministrar a disciplina de Ensino Religioso deverão ser aproveitados para outras disciplinas compatíveis com a formação, quando não houver, justificadamente, turmas específicas para esta disciplina.
Art. 3º As atribuições e especificações essenciais correspondentes à categoria funcional de Professor de Ensino Religioso encontram-se relacionadas no Anexo I desta Lei.
Art. 4º Os professores de ensino religioso deverão ser credenciados pela Autoridade Religiosa competente, que exigirá deles formação religiosa obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida.
Art. 5º A implantação do ensino religioso, de caráter plural e de matrícula facultativa, priorizará inicialmente as escolas de ensino de turno integral.
Art. 6º A categoria funcional de Professor de Ensino Religioso estruturar-se-á nos padrões de escalonamento e de vencimento-base constantes do Anexo II desta Lei.
Parágrafo único. Os valores de vencimento-base constantes do Anexo II desta Lei referem-se ao mês de março de 2011 e estarão sujeitos aos reajustes gerais aplicáveis aos servidores municipais após aquela data.
Art. 7º Fica obrigada a Secretaria Municipal de Educação-SME afixar, nas escolas municipais onde será implantado o ensino religioso, em locais de fácil e clara visualização, cartazes de tamanho mínimo no padrão A3 contendo a seguinte informação: Aos Senhores Pais ou Responsáveis, a Disciplina Ensino Religioso é de matrícula facultativa, conforme o §1º do art. 210 da Constituição Federal.
Art. 8º Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar os procedimentos que se façam necessários em complemento à matéria de que trata esta Lei.
Art. 9º As despesas decorrentes da presente Lei serão atendidas pelas dotações orçamentárias próprias do Poder Executivo, conforme previsão na Lei Orçamentária Anual, ficando o Poder Executivo autorizado a proceder aos remanejamentos orçamentários, permitidos pela legislação aplicável, que sejam necessários ao cumprimento desta Lei.
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
EDUARDO PAES
ANEXO I
CATEGORIA FUNCIONAL
PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO
HABILITAÇÃO MÍNIMA
Nível Superior com Licenciatura Plena.
CARGA HORÁRIA
Dezesseis horas semanais.
ÁREA DE ATUAÇÃO
Unidades Escolares de Ensino Fundamental da Rede Pública do Sistema Municipal de Ensino.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
Planejar, executar e avaliar, junto com os demais profissionais docentes e equipe técnico-pedagógica, as atividades do ensino religioso na aquisição de competências que favoreçam uma convivência fraterna e harmoniosa não só na escola como nos diferentes espaços sociais, preparando o aluno para a aceitação da diversidade e para o conhecimento da idéia de transcendência a partir de sua tradição religiosa.
RESPONSABILIDADES GENÉRICAS
· manter-se atualizado em relação aos conhecimentos inerentes à sua especialidade docente;
· responsabilizar-se pelo planejamento, requisição e manutenção do suprimento necessário à realização das atividades pedagógicas;
· inteirar-se do Conteúdo Programático do Ensino Religioso a partir das orientações emanadas da respectiva autoridade religiosa;
· manter um comportamento idôneo e coerente com os valores preconizados pelo ensino religioso;
· participar da elaboração da proposta pedagógica da unidade escolar;
· cumprir as orientações emanadas da direção do estabelecimento escolar e dos demais órgãos da Secretaria Municipal de Educação;
CATEGORIA FUNCIONAL
PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO
HABILITAÇÃO MÍNIMA
Nível Superior com Licenciatura Plena.
CARGA HORÁRIA
Dezesseis horas semanais.
ÁREA DE ATUAÇÃO
Unidades Escolares de Ensino Fundamental da Rede Pública do Sistema Municipal de Ensino.
DESCRIÇÃO SUMÁRIA
Planejar, executar e avaliar, junto com os demais profissionais docentes e equipe técnico-pedagógica, as atividades do ensino religioso na aquisição de competências que favoreçam uma convivência fraterna e harmoniosa não só na escola como nos diferentes espaços sociais, preparando o aluno para a aceitação da diversidade e para o conhecimento da idéia de transcendência a partir de sua tradição religiosa.
RESPONSABILIDADES GENÉRICAS
· manter-se atualizado em relação aos conhecimentos inerentes à sua especialidade docente;
· responsabilizar-se pelo planejamento, requisição e manutenção do suprimento necessário à realização das atividades pedagógicas;
· inteirar-se do Conteúdo Programático do Ensino Religioso a partir das orientações emanadas da respectiva autoridade religiosa;
· manter um comportamento idôneo e coerente com os valores preconizados pelo ensino religioso;
· participar da elaboração da proposta pedagógica da unidade escolar;
· cumprir as orientações emanadas da direção do estabelecimento escolar e dos demais órgãos da Secretaria Municipal de Educação;
· exercer a docência, de acordo com sua especialidade, direcionada a alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental.
ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS
· interagir com os demais profissionais da unidade escolar para a construção coletiva do projeto político-pedagógico, garantindo a inserção dos valores morais, éticos e espirituais em todas as ações e espaços de convivência;
ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS
· interagir com os demais profissionais da unidade escolar para a construção coletiva do projeto político-pedagógico, garantindo a inserção dos valores morais, éticos e espirituais em todas as ações e espaços de convivência;
· demonstrar interesse e comprometimento com sua formação continuada;
· promover o reconhecimento e respeito dos valores éticos inerentes a todas as manifestações religiosas;
· propiciar momentos de interação entre as diferentes matrizes religiosas trabalhadas na unidade escolar, visando a valorização e a visibilidade das diferentes práticas religiosas;
· contribuir para a formação de um aluno crítico, solidário, competente, autônomo, e protagonista da construção de uma cultura de paz.
· propiciar momentos de interação entre as diferentes matrizes religiosas trabalhadas na unidade escolar, visando a valorização e a visibilidade das diferentes práticas religiosas;
· contribuir para a formação de um aluno crítico, solidário, competente, autônomo, e protagonista da construção de uma cultura de paz.
ENSINO RELIGIOSO:DA ESCOLA DA RELIGIÃO À RELIGIÃO NA ESCOLA
Como ser santo ?
De maneira jocosa e reflexiva pego carona nas ideias de meu amigo e mestre Eduardo para expor meu pensamento sobre como é o processo de santidade ou simplemente: como ser santo?

Mas a troca não é direta. Há os intermediários, santos e santas que acabam virando uma espécie de operadores do telemarketing celeste, encarregados de encaminhar e agilizar os serviços divinos de cura, socorro, auxílio financeiro, busca de amores e empregos perdidos e outras necessidades.
Em tempos de crise, valei-nos Santa Edwiges, padroeira dos endividados. E não é por acaso que dois dos santos mais populares no Brasil sejam São Judas Tadeu e Santo Expedito. É que as pessoas querem solução para suas causas impossíveis, e rápido!!! Este ano, atleticanos e cruzeirenses estão entre seus maiores devotos...
Apesar da minha visão crítica, respeito a religiosidade popular. Ela me fala, primeiro, da busca, do desejo de intimidade com o Sagrado. Compartilhar com Deus as coisas miúdas do dia a dia. Senti-Lo companheiro. Afinal, o Deus em que creio não é um comerciante atrás de um balcão, nem um SAMU ao qual recorro em caso de urgência. O Deus em que creio, revelado em Jesus Cristo, “está no meio de nós”
Esse Deus santificou a história humana quando se fez carne e habitou entre nós. Tudo, em mim e à minha volta, tornou-se altar. E no altar do dia a dia, santos e santas somos todos nós, tão humanos, tão divinos. Pois não somos imagem e semelhança do Deus que nos criou?
Por isso, rezo, todos os dias, com os santos que me rodeiam e caminham comigo, construindo com nossas frágeis mãos humanas o Reino que já está entre nós.
Valei-me São Tião, São Leandro e São Tarcísio, porteiros. Ensinem-me a abrir as portas do meu coração para o novo, para o sempre.
Valei-me São Betão, São Jabá, São Michel, São Ricardo,santos do altar mais numeroso do meu coração, entre tantos outros santos e santas, cuja graça maior é o compartilhar da amizade, amenizando dores, multiplicando alegrias, semeando utopias..
Valei-me Santa Tutu, que de tanto carinho e ternura, do fogão ao afago, não deve ter sido filha, já deve ter nascido mãe.
Valei-me São Daniel, São Thiago, São Lucas, que fizeram nascer em mim o pai que sou, o pai que tento ser. Com vocês aprendi a rimar amor e dor, e celebrar, todos os dias, essa coisa chamada esperança.
Valei-me meu santo aluno, minha santa aluna, que me possibilitam essa coisa parecida com eternidade, que é viver, a cada fevereiro, uma nova juventude.
Valham-me todos os santos, companheiros anônimos, desconhecidos, com os quais esbarro nas ruas, cruzo no elevador, no trânsito, nos corredores, nas escadas e esquinas da vida.
Tragam-me a graça do amor simples, da fé com as mãos, da esperança sem alienação.
Amém!
E você, a que santos quer recorrer, que graças quer alcançar?
Eduardo Machado
01 de novembro de 2011
01 de novembro de 2011
" Fé e o Fax" para intuir os dogmas de Maria
Gabriel pertence a um tempo de desencanto da História do Brasil. Ele nasceu em 31 de março de 1964, junto com a “gloriosa”, a Revolução que mergulhou o país em quase três décadas de censura, repressão, obscurantismo e autoritarismo. Enfim, tempos de uma ditadura que, entre outras mazelas, congelou o desenvolvimento político do povo brasileiro, calou pela força a boca de quem ousou pensar diferente, sufocou lideranças, fazendo nascer o que costumo chamar de “geração das certezas perdidas”.
Como cantou o Gonzaguinha, “um tempo em que lutar por seu direito era um defeito que mata...”
Como cantou o Gonzaguinha, “um tempo em que lutar por seu direito era um defeito que mata...”
Começava 1985. Gabriel e a ditadura chegavam à maioridade, 21 anos! A ditadura militar dava seus últimos suspiros já que “de muito gorda a porca já não andava, de muito usada a faca já não cortava”, mas continuava difícil abrir a porta da História para o tal Brasil do futuro. Tão difícil que o primeiro presidente civil, Tancredo Neves, eleito indiretamente depois da fila de generais, num enredo que nem roteirista de novela mexicana poderia imaginar, morre sem tomar posse. E o Brasil do Gabriel entra na era Sarney, que Deus nos livre!
Deus não nos livrou, e chegamos ao fim da década de 80 com uma inflação de 84% ao mês!
Foi muito para o Gabriel que perdeu, literalmente, a fé. E não foi só a fé no Brasil. Gabriel radicalizou geral e perdeu também a fé religiosa, apesar dos apelos e preces de sua santa mãe, Dona Carlina, que se horrorizava com aquele filho ateu.
Gabriel, meio irônico, muito amargo, como tantos da sua geração, gostava de cutucar Dona Carlina zombando da sua fé e questionando os dogmas religiosos. Coisa fácil de fazer, uma vez que a fé, olhada apenas com os olhos da razão, é mesmo meio indefensável, quase ridícula.
Corta para a cena: Gabriel em casa, trabalhando. É, trabalhar em casa é mais um dos avanços permitidos pelos novos ares e a tecnologia do século XXI. Para alguns profissionais, um celular já é um escritório completo.
No caso do Gabriel, que deixou de lado a engenharia e hoje é representante comercial, além do celular há o computador, claro, e um aparelho de fax. Pronto, a empresa está montada. Que venham os clientes!
Dona Carlina visita o filho. No quarto que funciona como escritório, o diálogo impertinente.
- Ah, mãe, deixa de história! Acreditar que Nossa Senhora teve um filho e continuou virgem? Que besteira!
De repente, um barulhinho, um chiado, um apito e do aparelho de fax começa a brotar uma longa folha de papel.
Dona Carlina olha aquilo, admirada.
- Que que é isso, meu filho?
- É um fax, mãe.
- Fax? Que trem é esse?
- É assim, mãe. Tenho um amigo que mora na Alemanha. Ele trabalha com a mesma empresa que eu. De lá me mandou uma lista de produtos e preços que temos para oferecer aos clientes. Ele pegou a folha com a lista, lá na Alemanha, colocou no fax da casa dele que a transformou num sinal digital que viajou, viajou e chegou no fax aqui de casa. Tá aqui, quentinha.
Dona Carlina pega a folha, ainda mais admirada.
- Quentinha mesmo. Olha que coisa...
-Quer dizer, meu filho, que essa folha tava lá na Alemanha, entrou num caixotinho feito esse, virou um sinal num sei o que, viajou, viajou, tomou o rumo de cá, rodou, rodou e achou, nesse Brasilzão desse tamanho, justamente o seu caixotinho, como é que chama mesmo?
- Fax, mãe...
Deus não nos livrou, e chegamos ao fim da década de 80 com uma inflação de 84% ao mês!
Foi muito para o Gabriel que perdeu, literalmente, a fé. E não foi só a fé no Brasil. Gabriel radicalizou geral e perdeu também a fé religiosa, apesar dos apelos e preces de sua santa mãe, Dona Carlina, que se horrorizava com aquele filho ateu.
Gabriel, meio irônico, muito amargo, como tantos da sua geração, gostava de cutucar Dona Carlina zombando da sua fé e questionando os dogmas religiosos. Coisa fácil de fazer, uma vez que a fé, olhada apenas com os olhos da razão, é mesmo meio indefensável, quase ridícula.
Corta para a cena: Gabriel em casa, trabalhando. É, trabalhar em casa é mais um dos avanços permitidos pelos novos ares e a tecnologia do século XXI. Para alguns profissionais, um celular já é um escritório completo.
No caso do Gabriel, que deixou de lado a engenharia e hoje é representante comercial, além do celular há o computador, claro, e um aparelho de fax. Pronto, a empresa está montada. Que venham os clientes!
Dona Carlina visita o filho. No quarto que funciona como escritório, o diálogo impertinente.
- Ah, mãe, deixa de história! Acreditar que Nossa Senhora teve um filho e continuou virgem? Que besteira!
De repente, um barulhinho, um chiado, um apito e do aparelho de fax começa a brotar uma longa folha de papel.
Dona Carlina olha aquilo, admirada.
- Que que é isso, meu filho?
- É um fax, mãe.
- Fax? Que trem é esse?
- É assim, mãe. Tenho um amigo que mora na Alemanha. Ele trabalha com a mesma empresa que eu. De lá me mandou uma lista de produtos e preços que temos para oferecer aos clientes. Ele pegou a folha com a lista, lá na Alemanha, colocou no fax da casa dele que a transformou num sinal digital que viajou, viajou e chegou no fax aqui de casa. Tá aqui, quentinha.
Dona Carlina pega a folha, ainda mais admirada.
- Quentinha mesmo. Olha que coisa...
-Quer dizer, meu filho, que essa folha tava lá na Alemanha, entrou num caixotinho feito esse, virou um sinal num sei o que, viajou, viajou, tomou o rumo de cá, rodou, rodou e achou, nesse Brasilzão desse tamanho, justamente o seu caixotinho, como é que chama mesmo?
- Fax, mãe...
- Pois então, achou o seu fax, direitinho, aqui na sua casa, desvirou de novo pra ser papel e brotou no caixotinho, do jeitim que saiu de lá?
- É, mãe, é assim mesmo.
- Dona Carlina, assuntou, pensou, calculou e concluiu:
- É, essas coisas é que fazem a gente acreditar na virgindade de Nossa Senhora...
- Como assim mãe?!
- Uai, meu filho; lá na igreja o padre diz pra gente que Nossa Senhora ficou grávida e era virgem. E que continuou virgem durante e depois do parto. E você acha difícil a gente acreditar nele! Mas agora me diz que este papel entrou num caixotinho lá na Alemanha, quase do outro lado do mundo, veio, veio, veio, atravessou o mar, veio, veio, achou nossa cidade, achou sua casa, achou seu caixotinho e saiu por ele ... e eu tenho que acreditar nisto que você tá dizendo?!!!
Vou embora. Um beijo, Deus te abençoe!
Eduardo Machado
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
E Jesus aprendeu...
Uma ocasião, numa aula em que se falava sobre a encarnação de Jesus, houve um impasse. Dois professores tinham idéias diferentes sobre o assunto. Um defendia a tese de que Jesus, Deus e Homem, sempre teve plena consciência de toda a sua realidade divina, de sua missão, da sua identificação eterna com o Pai e o Espírito Santo. O outro colocava Jesus numa dimensão mais humana, sem negar sua divindade, mas num processo progressivo de descoberta da própria identidade e de sua missão redentora.
Como se vê, um debate de alta complexidade teológica, que nós, jovens leigos, acompanhávamos com interesse, ouvindo argumentos plausíveis de ambos os lados. Pelo que me lembro, os dois mestres não chegaram a um acordo.
Pois bem, mais de trinta anos depois me defronto com a proposta de rezar o evangelho de domingo que narra o encontro de Jesus com uma mulher pagã. O texto diz assim:
“Naquele tempo, Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região, pôs-se a gritar:
-Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!
Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então os discípulos aproximaram-se e lhe pediram:
-Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós". Jesus respondeu: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel".
Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar:
"Senhor, socorre-me!" Jesus lhe disse:
"Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos".
A mulher insistiu:
"É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!"
Diante disso, Jesus lhe disse:
-Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!"
E desde esse momento sua filha ficou curada.
Mateus (Mt 15, 21-28)
O texto me chama a atenção de maneira especial. A primeira reação de Jesus aos apelos da mulher é estranha, formal, quase de desdém. Não combina com seu modo de proceder. A insistência da mulher, que irrita alguns discípulos, provoca nele uma mudança.
Debruço-me sobre a cena, em oração e contemplação. Dentro de mim, a memória do debate entre os dois padres. Jesus sabia ou aprendia...?
Pelos caminhos do coração meu espírito se move, em busca de respostas.
As respostas teológicas, eu sei, podem ser buscadas nas páginas do Jornal de Opinião escritas pelo Pe. Libanio ou pelo Pe. Konnings. A eles, teólogos e exegetas de renome, cabe a orientação segura, fiel ao magistério da Igreja. Em mim, o que fala é a intuição leiga, sem nenhuma pretensão a não ser me deixar tocar e afetar pela presença de Deus e perceber os movimentos que seu Espírito faz em minha vida.
Contemplo o olhar aflito da mulher. As mãos estendidas, em súplica, os olhos marejados de lágrimas. Entre os discípulos reações diversas, da compaixão à impaciência.
Olho para Jesus. Ele está surpreso. Na sua expressão um misto de ternura e confusão. Logo, um sorriso ilumina o seu rosto e Ele aperta em suas mãos a mão daquela mulher. Ergue-a do chão e a abraça.
Ouço-o dizer:
“Mulher, é grande a sua fé. A sua filha está curada...”
Em volta, todos olham em silêncio, igualmente surpresos. A mulher vai embora, cheia de alegria e esperança. Jesus nos pede licença e retira-se para o alto de um monte. De longe, o vemos em oração, Por um longo tempo Ele lá permanece, em silêncio.
Quando retornou trazia no rosto uma expressão diferente, parecendo olhar além do horizonte, buscando paisagens que ultrapassavam as fronteiras que nos rodeavam.
Pensei comigo: aquela mulher ensinou algo a Jesus.
Ele nos olhou sorrindo e convidou a continuar a caminhada. “Temos muito o que fazer”, disse. E seguimos em direção ao Mar da Galiléia...
Eduardo Machado
29/08/2005
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