quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Como ser santo ?

De maneira jocosa e reflexiva pego carona nas ideias de meu amigo e mestre Eduardo para expor meu pensamento sobre como é o processo de santidade ou simplemente: como ser santo?

Na lógica popular, o conceito de santidade está frequentemente ligado às necessidades do dia a dia. Não é por acaso que, na nossa tradição religiosa popular, os altares onde ficam as imagens dos santos são frequentemente vistos como uma espécie de ‘balcão’ onde as pessoas levam seus pedidos, trocam graças por novenas, fazem promessas, o que implica no risco de uma religiosidade que fica presa apenas a esse lado “mágico”, onde a fé é transformada numa negociação onde posso “comprar” a graça de Deus como uma mercadoria. Verdadeiro escambo espiritual, com troca de rezas, velas, novenas, sacrifícios, romarias, e procissão por graças.

Mas a troca não é direta. Há os intermediários, santos e santas que acabam virando uma espécie de operadores do telemarketing celeste, encarregados de encaminhar e agilizar os serviços divinos de cura, socorro, auxílio financeiro, busca de amores e empregos perdidos e outras necessidades.

Em tempos de crise, valei-nos Santa Edwiges, padroeira dos endividados. E não é por acaso que dois dos santos mais populares no Brasil sejam São Judas Tadeu e Santo Expedito. É que as pessoas querem solução para suas causas impossíveis, e rápido!!! Este ano, atleticanos e cruzeirenses estão entre seus maiores devotos...

Apesar da minha visão crítica, respeito a religiosidade popular. Ela me fala, primeiro, da busca, do desejo de intimidade com o Sagrado. Compartilhar com Deus as coisas miúdas do dia a dia. Senti-Lo companheiro. Afinal, o Deus em que creio não é um comerciante atrás de um balcão, nem um SAMU ao qual recorro em caso de urgência. O Deus em que creio, revelado em Jesus Cristo, “está no meio de nós”

Esse Deus santificou a história humana quando se fez carne e habitou entre nós. Tudo, em mim e à minha volta, tornou-se altar. E no altar do dia a dia, santos e santas somos todos nós, tão humanos, tão divinos. Pois não somos imagem e semelhança do Deus que nos criou?

Por isso, rezo, todos os dias, com os santos que me rodeiam e caminham comigo, construindo com nossas frágeis mãos humanas o Reino que já está entre nós.

Valei-me São Tião, São Leandro e São Tarcísio, porteiros. Ensinem-me a abrir as portas do meu coração para o novo, para o sempre.

Valei-me São Betão, São Jabá, São Michel, São Ricardo,santos do altar mais numeroso do meu coração, entre tantos outros santos e santas, cuja graça maior é o compartilhar da amizade, amenizando dores, multiplicando alegrias, semeando utopias..

Valei-me Santa Tutu, que de tanto carinho e ternura, do fogão ao afago, não deve ter sido filha, já deve ter nascido mãe.

Valei-me São Daniel, São Thiago, São Lucas, que fizeram nascer em mim o pai que sou, o pai que tento ser. Com vocês aprendi a rimar amor e dor, e celebrar, todos os dias, essa coisa chamada esperança.

Valei-me meu santo aluno, minha santa aluna, que me possibilitam essa coisa parecida com eternidade, que é viver, a cada fevereiro, uma nova juventude.

Valham-me todos os santos, companheiros anônimos, desconhecidos, com os quais esbarro nas ruas, cruzo no elevador, no trânsito, nos corredores, nas escadas e esquinas da vida. 

Tragam-me a graça do amor simples, da fé com as mãos, da esperança sem alienação.

Amém!

 E você, a que santos quer recorrer, que graças quer alcançar?


Eduardo Machado
01 de novembro de 2011

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